A renomada casa de moda italiana, Gucci, anunciou recentemente a rescisão do contrato com seu diretor criativo, Sabato De Sarno, após apenas dois anos no cargo. Este movimento inesperado ocorre semanas antes do desfile de inverno 2025 e levanta questões sobre as pressões contemporâneas no mundo da moda. A ausência de um comunicado oficial do estilista sugere que o término não foi tranquilo, refletindo possíveis tensões internas.
No outono europeu, a Gucci surpreendeu o mercado ao anunciar a saída repentina de seu diretor criativo, Sabato De Sarno. A decisão foi tomada em meio a um período crítico para a marca, marcado por quedas consecutivas nas vendas e uma necessidade urgente de reavaliação estratégica. Sob a liderança anterior de Alessandro Michele, a Gucci experimentou um crescimento exponencial entre 2015 e 2019, mas os últimos anos trouxeram desafios significativos, incluindo os impactos devastadores da pandemia e mudanças drásticas no gosto do público.
Stefano Cantino assumiu o papel de CEO em outubro do ano passado, encarregado de reverter o declínio financeiro. No entanto, apesar dos esforços, a receita da Gucci caiu 25% no último trimestre de 2024, registrando a terceira queda consecutiva. A falta de lançamentos memoráveis durante a gestão de De Sarno intensificou a pressão sobre a administração, levantando dúvidas sobre as decisões estratégicas tomadas.
O evento ilumina um debate mais amplo sobre a cultura atual de resultados imediatos na indústria da moda. Carla Beni, economista e professora da FGV, ressalta que essa tendência pode levar a decisões precipitadas e erros estratégicos. Ela defende uma abordagem focada no longo prazo, sugerindo que um ciclo anual seria mais adequado para avaliar o sucesso das coleções.
A recente série de mudanças nos cargos criativos de grandes marcas de luxo também indica um possível cansaço com propostas consideradas seguras, como os clássicos e reedições de best-sellers. A moda, diferentemente de outros setores, depende fortemente de fatores simbólicos e culturais para atrair consumidores, além de aspectos tangíveis como design e qualidade.
Diante disso, a saída de De Sarno representa um momento crucial para a Gucci, que agora enfrenta o desafio de recuperar sua relevância e vitalidade criativa em um cenário cada vez mais competitivo.
Como jornalista, este episódio me faz refletir sobre a fragilidade das carreiras em altos postos criativos e a importância de equilibrar inovação com a manutenção do legado de uma marca. É evidente que a indústria da moda precisa reconsiderar suas expectativas e prazos, buscando uma abordagem mais sustentável e resiliente para enfrentar os desafios futuros.