A indústria da moda masculina enfrenta um período desafiador, marcado por instabilidade econômica e geopolítica. Em meio a essa turbulência, dois eventos importantes na Itália destacam-se: o Pitti Uomo em Florença e a Semana da Moda de Milão. Ambos os eventos, dedicados às coleções outono-inverno 2025-26, adotaram uma abordagem mais contida, com menos desfiles e eventos especiais. Apesar das dificuldades, as marcas internacionais e emergentes continuam a exibir suas criações, trazendo novidades e inovações para o setor.
O Pitti Uomo, realizado de 14 a 17 de janeiro, apresentou um perfil mais discreto nesta edição. Com 790 expositores, incluindo 45% de participantes estrangeiros, o evento manteve sua relevância, mas reduziu o número de eventos especiais. O tema central foi o fogo e sua energia, refletindo a busca por renovação em tempos difíceis. Duas marcas convidadas foram selecionadas, incluindo a MM6 Maison Margiela, que desfilou em Florença pela primeira vez, homenageando a cidade e o salão.
Dentre as novidades, destaca-se o "Knees Up Running Space", dedicado ao universo do running e ao outdoor. Este espaço trouxe marcas especializadas nessa área, como Alex Zono e Kuta Distance L.AB, além de promover encontros e experiências únicas. Além disso, o evento enfatizou a presença de marcas internacionais e de pesquisa, como o Scandinavian Manifesto e a moda nórdica, J Quality e o Japan Leather Showroom. A nova onda chinesa, representada pela China Wave, e a criatividade francesa também estiveram em evidência, com marcas como Adn Paris e Homecore.
A Semana da Moda de Milão, que ocorreu de 17 a 21 de janeiro, seguiu o exemplo do Pitti Uomo, adotando uma postura mais reservada. O evento iniciou com o desfile do francês Pierre-Louis Mascia, que havia feito sua estreia no Pitti Uomo em junho. Outro ponto alto foi o retorno de Philipp Plein ao calendário masculino, além da participação de novas marcas como PDF e o regresso de nomes consagrados como Dolce & Gabbana e Prada. Apesar da saída de algumas grifes, o evento contou com 68 compromissos, incluindo 16 desfiles presenciais e quatro em formato digital.
Marcas como Giorgio Armani e Zegna mantiveram seus compromissos tradicionais, enquanto outras optaram por estratégias diferentes, como Moschino e Gucci, que combinaram seus desfiles masculinos e femininos. Algumas grifes decidiram não participar ou escolheram outros eventos para revelar suas coleções, como a Billionaire no Pitti Uomo e Martine Rose, substituída pelo jovem designer Saul Nash. Mesmo com essas mudanças, a semana milanesa demonstrou resiliência, mantendo seu papel crucial no calendário da moda internacional.