A carreira de Lee Alexander McQueen, que durou 18 anos, revolucionou o mundo da moda ao transcender as fronteiras entre arte, teatro e sociedade. Este designer britânico transformou cada desfile em uma experiência imersiva, onde a moda se tornava um veículo para contar histórias complexas e provocativas. Seus trabalhos exploraram temas como empoderamento, vulnerabilidade e a tensão entre o belo e o perturbador. Mesmo após sua partida, McQueen continua sendo uma figura influente, inspirando gerações de criadores com seu legado inovador.
Nascido em Londres em 1969, McQueen cresceu em um ambiente humilde, mas isso não impediu que ele seguisse sua paixão pela moda. Aos 16 anos, iniciou sua jornada na lendária Savile Row, aperfeiçoando suas habilidades em alfaiataria. Esta experiência foi fundamental para moldar seu estilo único, que mais tarde se destacaria por sua precisão técnica e ousadia conceitual. Após estudar na Central Saint Martins, McQueen lançou sua primeira coleção em 1992, que chamou imediatamente a atenção do público e da crítica.
McQueen tinha o dom de criar universos paralelos nos quais seus desfiles eram portais para mundos suspensos entre realidade e sonho. Em “Highland Rape”, ele abordou a opressão histórica da Escócia, usando tecidos rasgados e transparências para evocar um sentimento de resistência e vulnerabilidade. Já em “Dante”, ele explorou temas religiosos e morais, combinando detalhes vitorianos com elementos decadentes. Cada peça refletia sua genialidade, lembrando-nos que a moda pode ser tanto um protesto quanto um refúgio para a alma.
Um dos momentos mais icônicos de McQueen ocorreu durante a apresentação de “No. 13”. Neste desfile, Shalom Harlow vestiu um simples vestido branco e subiu em uma plataforma giratória, enquanto dois robôs a pulverizavam com tinta. Este ato simbolizava a fusão entre humanidade e tecnologia, capturando a essência de uma era obcecada pela inovação. As peças minimalistas contrastavam com os movimentos quase robóticos das modelos, criando uma atmosfera surreal que deixou o público sem palavras.
A última coleção de McQueen, “Atlântida de Platão”, imaginou um futuro pós-apocalíptico onde os humanos retornavam ao oceano. Com estampas de répteis e cortes precisos, esta coleção marcou um antes e depois na moda digital, sendo um dos primeiros desfiles transmitidos ao vivo pela internet. O impacto de McQueen ultrapassou as passarelas, encontrando eco em outras disciplinas artísticas, desde o cinema até a música. Ícones como Lady Gaga e exposições no Metropolitan Museum of Art demonstraram que sua influência transcende gerações e fronteiras.
Apesar de sua ausência física, o espírito de McQueen vive através da casa que fundou. Sarah Burton, que sucedeu McQueen como diretora criativa, manteve viva sua essência, equilibrando inovação com herança. Em 2023, Burton anunciou sua saída, dando lugar a Seán McGirr, que promete trazer uma nova visão à marca. O legado de McQueen continua a inspirar criadores que ousam quebrar moldes e redefinir o possível, mantendo viva a chama da inovação e da narrativa na moda.