Em meio a um mundo que se volta para o passado em busca de inspiração, a moda e a arte dos anos 60 e 70 emergem como fontes significativas para a criatividade em 2025. Observações do Google Trends revelam uma diminuição nas buscas por tendências minimalistas, enquanto conceitos como “boho chic” ganham destaque. Este movimento reflete não apenas um ressurgimento estético, mas também uma valorização crescente da autenticidade e artesanato, marcando uma nova era na expressão individual.

A Nova Era da Autenticidade e Artesanato

No outono, sob um céu tingido de dourado, a moda e a arte dos anos 60 e 70 reencontram seu lugar de destaque. Em um período caracterizado pela urgência das novidades rápidas, surge um contraponto: peças cuidadosamente elaboradas, bordados intrincados e cores que contam histórias culturais antigas. A pesquisadora e historiadora Giselle Padoin explica que este retorno está profundamente ligado ao contexto social e político atual. Ela lançou a coleção "60’s Forever – Moda, Arte e Comportamento" em 2023, incorporando elementos naturais e bordados franceses meticulosos, em homenagem à época revolucionária da moda brasileira.

Giselle destacou que os anos 60 foram cruciais para as mudanças culturais e artísticas globais. No Brasil, marcas como Rhodia aproximaram a arte e a moda. Peças desta marca agora estão expostas no Museu de Arte de São Paulo (MASP). O trabalho colaborativo com o ateliê francês Maison Lesage levou mais de um ano para ser concluído, resultando em cinco peças únicas. Este processo longo, mas gratificante, exemplifica a conexão entre arte e moda.

O escapismo diante de tempos caóticos é evidente, com uma mudança efetiva nas práticas sociais. A conscientização sobre o consumo excessivo e suas consequências leva a um aumento na procura por peças de segunda mão. Esta tendência também reflete no crescimento do interesse pelo setor artístico. A busca por vagas no bacharelado em Artes Visuais da UFRGS aumentou 65,9% na última edição do vestibular, indicando uma valorização da criatividade.

Giselle enfatiza a importância do detalhe interno em suas criações, trazendo afetividade e valor às peças. Para ela, o caminho futuro da moda passa por maior qualidade na escolha dos materiais e elementos utilizados. A nova coleção da artista está exposta na sede da Design Week, em Porto Alegre, aberta ao público.

Este renascimento sugere uma reconexão com valores duráveis, além da mera estética. A autenticidade e a qualidade são essenciais para moldar o futuro da moda, onde cada peça pode ser um testemunho de uma era passada, trazida de volta com todo o seu esplendor.

Do ponto de vista de um observador, esta tendência mostra que a moda não é apenas uma questão de aparência, mas uma expressão profunda de identidade e consciência social. A valorização do artesanato e da qualidade sugere um futuro onde a moda pode ser tanto uma forma de arte quanto uma declaração pessoal.