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Piercings na Bochecha: Uma Moda Milenar
2025-02-08

Descobertas arqueológicas recentes revelam que a prática de usar piercings na bochecha, semelhante ao estilo labret atualmente popular, já era comum durante o Paleolítico Superior. Pesquisadores da Universidade de Coimbra em Portugal desvendaram um mistério que intrigava estudiosos há décadas: marcas de desgaste incomuns nos dentes de esqueletos pré-históricos. Estas marcas estavam localizadas especificamente na área que entra em contato com a bochecha, sugerindo uma conexão direta com adornos faciais. A pesquisa foi publicada no Journal of Paleolithic Archaeology, oferecendo novas perspectivas sobre as práticas culturais dos povos pavlovianos.

O estudo liderado pelo antropólogo John Willman examinou evidências encontradas em esqueletos pertencentes à cultura pavloviana, que habitava partes da Europa Central entre 25 e 29 mil anos atrás. Os pesquisadores notaram um padrão específico de desgaste dental que não poderia ser atribuído apenas às atividades diárias ou à alimentação. Ao investigar mais profundamente, surgiu a hipótese de que esses danos eram causados por piercings usados na bochecha. Esses acessórios, possivelmente feitos de materiais orgânicos como madeira ou couro, deixaram traços duradouros nos restos mortais desses antigos europeus.

A prática parece ter começado desde tenra idade, com evidências de desgaste dental encontrado até mesmo em esqueletos infantis. À medida que os indivíduos cresciam, é possível que os piercings fossem substituídos por versões maiores, resultando em áreas de desgaste mais extensas nos adultos. Este fenômeno sugere que o uso de piercings podia estar ligado a rituais de passagem ou marcos importantes na vida do grupo. Além disso, os pesquisadores observaram casos de apinhamento dentário, onde os dentes ficam tortos ou sobrepostos, indicando que a posição incorreta dos piercings poderia afetar o alinhamento dentário.

A descoberta destes piercings antigos ressalta como certas formas de expressão pessoal atravessam milênios. Embora os materiais utilizados possam ter mudado, a intenção de se diferenciar e pertencer a um grupo social permanece constante. Esta prática, que hoje é associada a subculturas modernas, tem suas raízes em tradições muito mais antigas, demonstrando a complexidade e riqueza cultural das sociedades pré-históricas. O estudo também reforça a importância de considerar elementos menos óbvios nas interpretações arqueológicas, abrindo caminho para novas linhas de investigação sobre costumes antigos.

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