A grife Jacquemus marcou seu retorno ao calendário oficial da Semana de Moda Masculina de Paris com uma coleção invernal para 2025, apresentada recentemente. O desfile contou com apenas 50 convidados e ocorreu no icônico apartamento de Auguste Perret, um dos mais renomados arquitetos do século XX. A coleção se destaca por sua abordagem minimalista, focando na silhueta e deixando de lado elementos cenográficos que marcaram temporadas anteriores. Destaque para as criações femininas, que dominaram a passarela e trouxeram referências à moda vintage e ao estilo marinheiro.

O Minimalismo Reinterpretado

A coleção outono/inverno 2025 da Jacquemus optou por um retorno às origens, priorizando a essência das peças sobre espetáculos visuais. Em vez de ambientes grandiosos ou performances extravagantes, o estilista escolheu expor suas criações num espaço íntimo, permitindo que os olhares se concentrassem exclusivamente nas roupas. Este movimento reflete uma busca pela autenticidade e simplicidade, valorizando a construção das peças e a expressão pura da moda.

Este minimalismo não significa falta de criatividade, mas sim uma nova forma de expressar sofisticação. As silhuetas foram pensadas para serem protagonistas absolutas, sem distrações externas. O estilista explicou que desejava "se desnudar diante do público", revelando sua verdadeira identidade através das linhas e formas das roupas. A ausência de elementos cênicos permitiu que cada detalhe fosse apreciado em sua plenitude, desde os recortes precisos até os tecidos cuidadosamente selecionados. Essa abordagem minimalista também se estendeu à escolha do local, o histórico apartamento de Auguste Perret, cuja arquitetura modernista serviu como pano de fundo perfeito para esta declaração de intenções.

Influências Vintage e Marítimas

Embora o foco tenha sido nos cortes e silhuetas, a coleção também incorporou referências variadas, misturando influências vintage com toques marítimos. Os looks masculinos foram minoritários, dando lugar a criações femininas que chamaram a atenção. Vestidos sensuais e ajustados contrastavam com peças geométricas e estruturadas, formando um equilíbrio entre elegância clássica e modernidade.

A coleção, intitulada "La Croisière" (O Cruzeiro), evoca viagens de navio de luxo do passado, com alfaiataria inspirada em uniformes náuticos e listras que remetem ao Mediterrâneo. Peças acinturadas com corsets de couro trazem um toque de Hollywood antiga, enquanto luvas de ópera e plumas de avestruz completam o visual. A atmosfera geral sugere uma tentativa de elevar a marca a um patamar mais elevado no mercado de moda, aproximando-se do universo da alta-costura. No entanto, essa abordagem mais séria e formal pode representar uma mudança significativa em relação ao espírito descontraído que consagrou a marca.