A cidade de Guangzhou, localizada às margens do rio das Pérolas, tem se tornado um epicentro industrial crucial para a indústria têxtil global. Através de sua infraestrutura robusta e intensa atividade fabril, essa região produz uma ampla variedade de roupas destinadas a mercados internacionais. A Shein, empresa emergente no cenário da moda rápida, tem desempenhado um papel central nesse contexto, alcançando projeção mundial com suas operações. No entanto, o sucesso da marca tem sido acompanhado por sérias controvérsias relacionadas ao tratamento dos trabalhadores. Investigadores revelaram condições laborais desfavoráveis, incluindo jornadas exaustivas que violam as leis trabalhistas chinesas. Apesar das promessas de melhorias, a realidade cotidiana na "vila Shein" ainda demanda mudanças significativas.
Em Panyu, um bairro conhecido como "vila Shein", as fábricas operam praticamente sem interrupção, refletindo a demanda constante por produtos da marca. Os trabalhadores, muitos deles provenientes de áreas rurais, enfrentam longas jornadas de trabalho, com poucos dias de descanso mensais. Estudos recentes indicam que essas condições não estão alinhadas com as normas legais do país, levantando questões sobre a sustentabilidade e ética dessas práticas. A vida dentro dessa rede industrial é marcada por um ritmo intenso, onde a produção não pára nem mesmo após o horário noturno.
Diversos relatos coletados pela equipe de investigação mostram que os profissionais dedicam cerca de 75 horas semanais à produção têxtil. Esse número supera significativamente as horas permitidas pelas legislações locais. Um funcionário entrevistado ressaltou que trabalha todos os dias do mês, ilustrando a pressão constante sob a qual esses trabalhadores estão submetidos. Além disso, salários base insuficientes e práticas abusivas são outros problemas apontados. O estudo do grupo suíço Public Eye destaca que as condições atuais exigem intervenções urgentes para garantir direitos básicos e dignidade aos envolvidos na cadeia produtiva.
A Shein, que cresceu rapidamente nos últimos cinco anos, transformou-se em uma das maiores varejistas de moda rápida do mundo, com presença em mais de 150 países. Sua ascensão meteórica foi impulsionada por preços acessíveis e uma vasta oferta de produtos, tornando-a uma referência no mercado. No entanto, esse sucesso vem acompanhado de desafios significativos, especialmente em relação às denúncias de violações trabalhistas e até mesmo trabalho forçado. A empresa, avaliada em US$ 60 bilhões, planeja abrir capital na Bolsa de Valores de Londres, mas precisa lidar com as críticas que surgem.
A Shein tem investido em medidas para melhorar as condições de trabalho em sua cadeia de suprimentos, conforme declarado em comunicado oficial. A companhia afirma estar comprometida com a justiça laboral e o cumprimento de altos padrões salariais. Entretanto, as evidências coletadas por investigadores sugerem que há muito a ser feito para efetivamente transformar essa realidade. A necessidade de mudanças estruturais nas fábricas de Guangzhou é cada vez mais urgente, pois apenas assim será possível garantir que o progresso econômico não venha às custas do bem-estar dos trabalhadores. Afinal, o sucesso duradouro depende de práticas éticas e sustentáveis.