No Brasil, desde os 13 anos, qualquer jovem pode acessar o Discord, uma plataforma inicialmente criada para facilitar jogos e conversas simultâneas. No entanto, nos últimos anos, essa ferramenta se transformou em algo muito mais sombrio, tornando-se palco de crimes virtuais como estupro digital, incentivo à automutilação e até comercialização de pornografia infantil. As investigações levaram as autoridades brasileiras a deflagrarem operações como a Operação Nix, que revelou redes complexas de exploração e manipulação lideradas por indivíduos aparentemente comuns.
Em novembro de 2024, a Polícia Civil de São Paulo lançou a Operação Nix, uma incursão no mundo virtual que desmascarou crimes hediondos praticados contra crianças e adolescentes. Durante a investigação, foi descoberto um grupo liderado por Luis Alexandre de Oliveira Lessa, conhecido online como “Hitler da Bahia” ou “Sagaz”. Esse jovem, que ostentava uniformes militares para intimidar suas vítimas, organizava sessões de violência digital em plataformas como Telegram e Discord.
A investigação revelou que esses grupos utilizavam estratégias sofisticadas para manter suas vítimas reféns digitais, ameaçando-as com a divulgação de conteúdo comprometedor. Um dos momentos mais impactantes ocorreu quando uma agente infiltrada conseguiu alertar a mãe de uma adolescente que estava prestes a ser vítima de um crime virtual. Mesmo relutante, a mãe interveio e evitou o pior.
Recentemente, a Polícia Civil de São Paulo instaurou um inquérito contra o Discord por sua negligência em combater práticas ilegais dentro da plataforma. O caso envolveu a transmissão ao vivo de cenas de automutilação, evidenciando a falta de empatia e responsabilidade social de alguns usuários dessas redes.
Desde Salvador até São Paulo, casos como esse têm chamado a atenção para a necessidade urgente de maior regulação e monitoramento nas plataformas digitais.
A partir do ponto de vista de um jornalista, é impossível não questionar: até onde vai a liberdade de expressão nas plataformas digitais? Esses ambientes podem ser tanto uma porta para a conexão quanto um caminho perigoso para a exploração. Este caso serve como um lembrete poderoso sobre a importância de proteger nossas crianças e adolescentes, garantindo que o mundo digital seja um espaço seguro para todos.