A guerra comercial liderada pelo governo norte-americano sob a gestão de Donald Trump teve um impacto devastador no setor de mídia e entretenimento global. No período inicial, as maiores empresas do ramo registraram uma queda significativa em seu valor de mercado, chegando a perder quantias equivalentes ao PIB anual do Reino Unido. Esse colapso econômico foi revertido parcialmente após uma suspensão temporária das tarifas impostas, mas especialistas alertam que o cenário ainda é volátil e pode continuar afetando negativamente o setor.
O início do conflito econômico gerou um declínio considerável no valor combinado das 125 principais companhias de mídia e tecnologia. Segundo dados compilados por Evan Shapiro, o prejuízo acumulado ultrapassou os US$ 3,4 trilhões, aproximadamente R$ 19,8 trilhões, durante um curto espaço de tempo. A situação piorou com a aplicação de tarifas adicionais sobre importações, especialmente para produtos fabricados na China. Empresas como Apple, Nvidia e Samsung enfrentaram desafios logísticos e financeiros significativos, forçando mudanças drásticas em suas cadeias de suprimentos.
O aumento dos custos de produção ameaça não apenas as gigantes da tecnologia, mas também os serviços de streaming e plataformas gratuitas apoiadas pela publicidade. Plataformas como Netflix, Disney+ e Paramount+, altamente dependentes de assinaturas, podem sofrer com a redução do poder de compra dos consumidores. Além disso, modelos baseados em anúncios, como YouTube e Pluto TV, podem enfrentar dificuldades adicionais devido à diminuição dos investimentos publicitários em tempos de inflação crescente.
Setores relacionados ao entretenimento, incluindo cinemas, também sentiram os efeitos adversos. O fechamento de 2024 mostrou uma queda de quase 11% nas vendas de ingressos nos Estados Unidos em comparação com o ano anterior. Apesar do sucesso de lançamentos específicos, como "Um Filme Minecraft", donos de salas de cinema expressaram preocupações durante a CinemaCon, destacando problemas como janelas curtas de exibição exclusiva e a necessidade de mais lançamentos atrativos.
Embora medidas temporárias tenham aliviado parte da pressão financeira, analistas mantêm uma postura cautelosa. A instabilidade causada pelas políticas comerciais continua a influenciar decisões estratégicas dentro do setor de entretenimento. Investimentos em novas produções podem ser adiados ou cancelados, criando um ciclo de retroalimentação negativo que afeta tanto grandes conglomerados quanto pequenas empresas.
No entanto, algumas produções aproveitaram o momento para se destacar. A animação chinesa "Ne Zha 2" conquistou a maior bilheteria global do ano, arrecadando impressionantes US$ 1,9 bilhão. Este caso ilustra como mercados emergentes podem capitalizar oportunidades mesmo em tempos de incerteza econômica.
Apesar dos sinais de recuperação inicial, a suspensão temporária das tarifas não resolve completamente os desafios estruturais enfrentados pelo setor. A continuidade das políticas protecionistas pode perpetuar perdas significativas, reforçando a necessidade de soluções sustentáveis e inovadoras para garantir a resiliência do mercado global de entretenimento.